quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

UM BRINDE AO PORVIR - POEMAS DE LUZ E SOMBRAS

   NALDOVELHO

   Mesmo que o dia amanheça
   e o sol envolto em cobertas não apareça,
   mesmo que as chuvas enxaguem
   as feridas que em meu corpo ainda ardem,
   mesmo que as lagrimas permaneçam encravadas
   a zombar de todo o meu patético esforço,
   mesmo que o trem continue atrasado
   e o último livro morra engavetado,
   eu digo que vou brindar a saudade,
   as rugas em meu rosto, a nostalgia que arde,
   a necessidade de caminhar aos trancos e barrancos,
   a possibilidade da morte ao escorregar do meio fio,
   as palavras que brotam como nascente de um rio,
   a música que ainda toca em meus ouvidos,
   a magia de poder me reconstruir a cada tombo,
   a capacidade de descobrir coisas em meio aos escombros,
   a habilidade de voar com asas de voar por dentro,
   a vontade que tenho de fumar um último cigarro,
   quem sabe também uma boa dose de conhaque,
   pois eu sei, ainda sou um sombrio e frágil esboço
   e mesmo que desafiadoramente eu me ponha a sorrir,
   meu espelho não mente e eu brindo ao porvir!

3 comentários:

  1. Lindo...lindo...demais de lindo...grande e carinhoso abraço querido poeta.

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  2. POETA AMO SEUS POEMAS ESTE TA UM POUCO TRISTE MAS TM TIM A POESIA.Ilca Karla Santos

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  3. brindemos, pois, impunemente
    à frágil coragem que se ergue
    sobre o relutante espelho dos dias

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